26 de jan. de 2013

A Companheira


Pode entrar, amiga.
Vi que me esperavas
no portão de casa.
(Chegaste cedo, achei que demoravas.)

Sabes bem, não sabes?
Nunca fui com tua cara.
Mas que dizer? Sempre tivemos
Um ao outro - és minha irmã
(dessas que nunca se teve)!

Vem, Solidão,
Te sirvo um copo.
Beberemos
do veneno amargo
dessa noite longa
dessa dor sem fim...


14 de jan. de 2013

Angústia



Tenho entalada
Nos olhos, na garganta e nos ouvidos,
Poesia sem tamanho.

Quero gritá-la
Porque não consigo.

Dança em chamas,
- labareda -
corpo adentro,
parasita ingrato
poema intangível
que tudo toma e pouco dá.

Ou antes vibra
em tema instrumental
(violão solitário);
que entorta os sentidos
que rasga o peito
sem nada dizer.

(este último segredo me contou Raphael Rabello tão logo liguei o som)